Médico, mestre e doutor, Emerson Sampaio construiu uma carreira sólida na medicina com especialidades em Clínica Médica, Endocrinologia e Terapia Intensiva. No entanto, sua história vai além dos consultórios e hospitais. Ele é também sanfoneiro, um apaixonado pela música que encontrou na sanfona, ou também chamada de acordeon e gaita, um elo entre sua profissão e sua essência.

A relação com a música começou cedo, no lar repleto de influências culturais. Apesar de seus pais não serem gaúchos, a música tradicional do Sul do Brasil era presença constante no dia a dia da família. Ainda na infância, Emerson era apaixonado pelo poder das melodias e, aos 12 anos, impulsionado por anúncios de cursos por correspondência, tentou aprender violão sozinho com materiais do Instituto Universal Brasileiro por Correspondência. Mas o aprendizado solitário era desafiador, e seus primeiros passos musicais foram incertos.

Foi então que o acaso trouxe o Sr. Álvaro, um músico de 80 anos que passava pela rua e, ao ouvir os sons confusos que vinham da casa do jovem Emerson, decidiu oferecer ajuda. Álvaro não apenas ensinou música, mas também sugeriu que Emerson trocasse o violão pelo acordeon, um instrumento que parecia ter sido feito para ele. Assim, sob a orientação do vizinho músico, ele mergulhou na complexidade e na beleza do instrumento, descobrindo sua capacidade de criar harmonia sozinho, como se fosse uma banda completa.

A vida, no entanto, trouxe outras prioridades. A rotina intensa da faculdade e da carreira médica afastou Emerson do instrumento por anos. Mas a paixão pela música nunca morreu. Durante a pandemia, em meio ao isolamento e à busca por novas formas de conexão com sua essência, ele decidiu resgatar o velho sonho. Adquiriu seu primeiro acordeon, começou aulas on-line e passou a redescobrir um talento.

“Por ser uma época de pandemia em um curso on-line, quando já estávamos prontos para nos apresentarmos para outras pessoas, nós gravávamos vídeos e o professor unia todos eles e os publicava no site. Então, minha primeira forma de apresentação foi por meio dos vídeos que estão publicados até hoje!”, relembra. Clique aqui para conferir. 

Em 2024, Dr. Emerson participou de uma oficina de orquestra para sanfonas coordenada pelo professor Marcelo Caldi, no 44º Festival Internacional de Música de Londrina, evento que já acompanhava há anos. Esse momento marcou não apenas um aprofundamento técnico, mas também a retomada de um legado cultural na cidade porque Caldi, com o apoio do professor Miguel Santos, resgatou a “Orquestra Sanfônica de Londrina”.

A Orquestra teve a oportunidade de integrar o projeto de difusão de música e apoio à cultura, Maratona Flauta e Fole, para fazer apresentações em diversos espaços, incluindo shoppings e hospitais.

O acordeon, com suas caixas harmônicas, botões e teclas, é mais do que um instrumento para Dr. Emerson. Ele o descreve como uma orquestra portátil, capaz de criar ritmos e melodias que encantam o público e trazem conforto ao coração. E essa conexão entre música e cuidado humano é, para ele, um ponto em comum com a medicina.

“A música é a arte de expressar sentimentos através do som, e a medicina, a arte de cuidar, mas para que a gente possa exercer esse cuidar, nós precisamos ouvir o outro, observar o outro e dessa forma, pedir, de forma muito gentil, que a gente possa entrar na sua vida. Essa sensibilidade que a música traz é muito importante para que possamos desenvolver essa arte também no cuidar”.

Entre notas e consultas, Dr. Emerson Sampaio mostra que é possível equilibrar a dedicação à ciência com a paixão pela arte, transformando vidas tanto no palco quanto no consultório. Sua história é um exemplo de como talento e propósito podem caminhar juntos, harmonizando diferentes dimensões da vida em uma melodia única.